Vida útil na construção civil
Fernando A. Branco, Pedro Paulo & Mário Garrido
11
sujeitas à classe de exposição XC3 (sem contacto
de água) e 29 amostras de superfícies sujeitas à
classe de exposição XC4 (com contacto de chuva),
segundo a
NP EN206-1
. Os mesmos testemunhos
foram posteriormente sujeitos a ensaios de
carbonatação acelerada com recurso de utilização
de câmaras condicionadas, reguladas para
20 ºC de temperatura, 65% de umidade relativa e
concentração de CO
2
de 5%.
Estes resultados mostraram que com base em
ensaios acelerados é possível estimar os coeficientes
de carbonatação naturais dividindo os valores
acelerados por cerca de 15 (XC4) ou 10 (XC3)
(vide Fig.7).
4. Componentes não estruturais –
Buildings Life
Os componentes não estruturais têm uma
influênciasignificativanaqualidadeefuncionalidade
das construções. Estes podem contribuir tanto
para a proteção e durabilidade de componentes
estruturais, como é o caso das pinturas, como para
a valorização das construções e para o aumento do
conforto dos seus utilizadores. Estes componentes
têm, tipicamente, uma vida útil inferior à Vida
Útil Estrutural ou mesmo à Vida Útil Funcional
das construções. Por esse motivo, muitas das ações
de manutenção que são necessárias desenvolver
durante o período de serviço das construções têm
como objeto intervenções em componentes não
estruturais. Assim, torna-se importante uma
definição clara da vida útil destes componentes,
assim como da forma como esta é afetada pelas
propriedades intrínsecas dos materiais e pelas
ações ambientais. Tal possibilita que a escolha
e prescrição destes componentes sejam feitas da
forma mais adequada e econômica, promovendo a
sustentabilidade no setor da construção.
De fato, o interesse verificado em relação à
temática da previsão da vida útil de materiais
e componentes de edifícios foi, de certa forma,
impulsionado por uma maior preocupação política
e social com o conceito da “sustentabilidade”
e
“desenvolvimento sustentável”.
Brundtland
(1987)
define “desenvolvimento sustentável” como
“development that meets the needs of the present
generations without compromising the ability
of future generations to meet their own needs”
(desenvolvimento que satisfaz as necessidades da
geração presente sem comprometer a capacidade
de gerações futures satisfazer suas próprias
4.1 Componentes não estruturais e sustentabilidade da construção
necessidades)
. A adoção de medidas de promoção de
um “desenvolvimento sustentável” ficou consagrada
como uma meta global das Nações Líderes das
Nações Unidas no Rio de Janeiro, Brasil, em
1992, da qual resultou a Agenda 21
(ONU, 1993).
Genericamente, este documento expressa um plano
de ação ao nível global, nacional e local, visando
todos os setores da atividade humana, para reduzir
o impacto desta no ambiente e promover a adoção
de padrões de atividade sustentáveis.
Pearce (2003)
elaborou um relatório sobre
qual deveria ser a contribuição da indústria da
construção, no contexto específico da realidade do
Reino Unido, na procura dessa sustentabilidade.
O autor realça a importância das informações
fornecidas ao património construído nas suas fases
de projeto, construção e manutenção, nos níveis de
atividade econômica aí incluída e na sua respectiva
produtividade. Esta consideração evidencia o
impactoqueoespaçoconstruídotemsobreaatividade
humana, focando para além das dimensões técnicas
da construção, a sua componente socioeconômica.
As atividades da indústria da construção têm um
impacto significativo na definição da qualidade
de vida e da produtividade das sociedades, o que
justifica uma aposta num rumo mais sustentável
desta indústria.
Um vetor de atuação na procura desta
sustentabilidade corresponde a um aumento do
ciclo de vida das construções, resultando numa
maior longevidade do espaço construído. Tal
exige que a durabilidade seja uma preocupação
presente nas fases de concepção, construção e
exploração do patrimônio construído. Exige ainda
1...,2,3,4,5,6,7,8,9,10,11 13,14,15,16,17,18,19,20,21,...22