Vida útil na construção civil
Fernando A. Branco, Pedro Paulo & Mário Garrido
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carbonatação que depende da efetiva difusão do
CO
2
através do concreto. Com base em ensaios, o
coeficiente K tem valores entre 1,0 - 1,5 mm/ano 0,5
para situações correntes, mas pode crescer para 4,0
-a8,0 mm/ano 0,5 para concretos porosos sujeitos a
ciclos de molhagem e secagem
(MANGAT, 1991;
SILVA 2009).
Na Fig. 6 ilustra-se o valor médio
obtido na medição experimental de 100 estruturas
expostas ao ar, em que se obteve para K um valor
médio de 3,5mm/ano
0,5
, mas com uma dispersão
significativa, denotando a variabilidade do
coeficiente de carbonatação
(MONTEIRO, 2010).
Estudos recentes
(NEVES 2011)
considerando
apenas concreto de pontes conduziram a valores
médios de k=2,5mm/ano
0,5
, ou seja um valor mais
baixo associado a concretos de melhor qualidade.
Ataque de Cloretos no Concreto
- Para o
ataque dos íons cloro, a sua penetração no concreto
pode ser razoavelmente simulada pela lei de difusão
de Fick. A solução da equação diferencial, tendo
em conta a variação com o tempo, do coeficiente de
difusão dos cloretos Dc (cm
2
/sec), leva a equação 5,
dando a concentração de cloretos C (x,t) dentro do
concreto a profundidade x (cm) e tempo t (sec)
C(x,t) = C
o
( 1 - erf ( x / (2 (D
c
t
(1-m)
/ (1-m))
0.5
)) (Eq.5)
Onde Co é a concentração de cloretos na
superfície (% da massa de cimento), “erf” é a
função erro e “m” uma constante empírica (m = 0,4)
(MANGAT, 1991).
A Equação 5 pode ser usada para estimar
o tempo para o início da corrosão, para um
recobrimento das barras de aço (x), considerando a
concentração superficial de cloretos (vide Tabela 2),
usando o coeficiente de difusão dos cloretos, obtido
experimentalmente, e considerando que a corrosão
no aço habitualmente inicia-se para valores de
cerca de C = 0,4% da massa do cimento.
Depois da fase de iniciação, a evolução do
diâmetro das barras de aço Dt (no tempo t) devida
à corrosão pode também ser estimada pela equação
6
(MANGAT, 1991).
D
t
= D
i
- 0,023 . t . I
(Eq. 6)
Onde D
i
é o diâmetro inicial das barras
de aço, t é o tempo em anos, Ic (μA/cm
2
) é a
taxa de corrosão com valores variáveis entre
1x10
-1
to 1x10
2
μA/cm
2
. A grande variação destes
valores de Ic torna a avaliação da evolução
da corrosão difícil, a menos que se utilizem
medições in-situ.
Com estes modelos para a carbonatação e
Figura 6. Coeficiente de carbonatação de 100 obras de concreto ao ar livre (Kmédio = 3,5mm/ano
0,5
).
Zona da Ponte Ambiente
C0 (%)
Tabuleiro
Ar
1,6
Pilares
Respingos
2,5
Pilares
Inter. Maré
5,0
Tabuleiro
Sais de degelo
1,6
Pilares
Sais de degelo
5,0
Tabela 2. Concentração superficial de cloretos
1,2,3,4,5,6,7,8,9 11,12,13,14,15,16,17,18,19,20,...22