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Boletín Técnico 04
A concepção das construções tendo em conta
uma vida útil começa por um estudo econômico
em que se define a Vida Útil Funcional, necessária
à rentabilidade do investimento, seguindo-se a
definição de uma Vida Útil Estrutural ou de Projeto,
maior que a anterior, durante a qual a construção
deverá assegurar níveis adequados de segurança
estrutural e de utilização.
A Vida Útil Estrutural ou de Projeto corresponde
ao período desde a sua inauguração até se atingir
a degradação especificada ou um nível de deficiente
funcionamento, considerando que haverá uma
manutenção corrente. As construções correntes são
habitualmente projetadas para vidas estruturais
de 50 - 60 anos e as pontes importantes podem ser
concebidas para períodos de 100 - 120 anos.
Para se garantir esta vida útil devem ser tomadas
as seguintes medidas durante as fases de projeto,
construção e exploração/manutenção.
5. Projeto, construção e manutenção
5.1 Construção com durabilidade
Durante a fase de construção, um bom controle
de qualidade é o melhor processo para se garantir
a vida útil planejada. O controle de qualidade
deve ser realizado pelo empreiteiro e verificado
pela fiscalização, devendo manter-se o contato com
o projetista para análise das anomalias. Nesta
fase as principais atividades relacionadas com a
durabilidade são as seguintes.
Estudo Inicial das Propriedades de
Durabilidade dos Materiais Estruturais
Em particular em relação ao concreto, antes de se
iniciarem as concretagens o empreiteiro deverá
estudar as composições do concreto de modo a
atingir as características especificadas em termos
de durabilidade. Isto é particularmente importante
porque os ensaios de durabilidade demoram
bastante tempo a realizar, pelo que devem ser
feitos o mais cedo possível.
Controle In-situ
– O controle dos materiais
deve também ser feito in-situ de modo a verificar-
se se as características de durabilidade se mantêm.
Este controle periódico é fundamental para a
qualidade da obra final (vide Fig.11).
O
controle
de
qualidade
tem
tido
desenvolvimentos recentes, onde sistemas periciais
podem ser utilizados para definir procedimentos
normalizados de controle. Por exemplo, se forem
detectadas anomalias o sistema sugere ao fiscal
os melhores procedimentos para sanar o problema
(BRANCO, 2004).
Os métodos de construção devem ser
implementados de modo a garantir os melhores
procedimentos para se atingir uma boa durabilidade
(nomeadamente na camada superficial do concreto
dos elementos estruturais). As atividades
relacionadas com a vibração, cura, controle de calor
de hidratação, etc. são as mais importantes para
garantir uma boa durabilidade.
Figura 11. Construção da Ponte S. João (Porto). Implementação
de controle cuidado de fluência e retracção do concreto
(foto de F.
Branco).
5.2 Gestão durante a vida útil
Nas obras importantes, e porque os atuais
modelos de simulação da degradação ainda não são
suficientemente fiáveis, é necessário implementar
o sistema de monitorização, definido na fase de
projeto (vide Fig. 12).
A monitorização permitirá obter periodicamente
o valor dos parâmetros principais que controlam a
degradação, como a profundidade de carbonatação
(K reais da carbonatação), o teor de cloretos
(coeficientes de difusão Dc dos cloretos), os níveis de
corrosão (taxas efetivas de corrosão nas estruturas
metálicas), que permitirão atualizar os modelos de
previsão adotados em projeto e realizar previsões
mais eficazes da vida útil.
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