Vida útil na construção civil
Fernando A. Branco, Pedro Paulo & Mário Garrido
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recomendações são ainda empíricas e resultam
de análises estatísticas do comportamento das
construções. Na prática, há um certo paralelo com
o dimensionamento estrutural, em que as ações
correspondem a um conjunto de condições de
exposição ambiental e a resistência dos materiais
corresponde a medidas construtivas e propriedades
dos materiais (cobrimento, resistência mínima do
concreto, etc.).
A Fig. 4 ilustra um caso que a durabilidade do
elemento estrutural foi comprometida.
Então, repetindo a questão apresentada, o que
se passa ao fim de 50 anos, ou seja, no fim da Vida
Útil Estrutural? - A ponte obviamente não cai, mas
a sua probabilidade de colapso começa a aumentar,
em resultado não só do aumento dos valores
característicos das ações, mas também da redução
da resistência dos materiais em resultado da sua
degradação. Passa-se então, como se referiu, a ter
pontes com segurança decrescente “ilegal”, e se não
se fizer algo a ponte colapsará, um dia.
Além dos componentes estruturais, nos
quais os conceitos de Vida Útil Estrutural estão
razoavelmente identificados, estando associados aos
níveis de segurança, há muitos outros componentes
não estruturais que estão associados à qualidade
da utilização das construções e cuja vida útil pode
condicionar a funcionalidade da construção, ou
2.3 Componentes não estruturais
Pavimento
15 - 20 anos
Impermeabilização asfáltica
25 - 30 anos
Impermeabilização com concreto 25 - 30 anos
Proteções metálicas
10 - 20 anos
Juntas de dilatação
15 - 30 anos
Selantes de juntas
5 - 15 anos
Aparelhos de apoio
25 - 40 anos
seja, a sua Vida Útil Funcional. Ainda pode afetar a
Vida Útil Estrutural ou de Projeto, se manutenções
adequadas não forem realizadas.
Estes componentes apresentam em geral uma
Vida Útil menor que a Vida Útil Estrutural ou
mesmo que a Vida Útil Funcional. A Tabela 1
mostra elementos não estruturais que podem ser
encontrados em pontes
(CHBDC 1995).
Estes componentes nem sempre não são
fundamentais para a segurança da estrutura,
têm, no entanto de ser reparados ou substituídos
durante a vida da obra, já que afetam bastante a
sua funcionalidade. É assim necessário também
definir a Vida Útil destes componentes, até porque
condicionam bastante os custos de manutenção
das construções.
Tabela 1. Vida útil média de componentes não estruturais em pontes.
3. Modelos de previsão da vida útil
A estimativa da vida útil das pontes com base na
deterioração dosmateriais é umproblema complexo,
sujeito a grandes investigações em muitos países
do mundo
(CLIFTON, 1993).
Essa estimativa
inclui a definição dos estados limites associados
ao fim da vida útil de projeto, a caracterização do
ambiente, o estudo dos fenômenos de degradação e
a definição de modelos matemáticos para simular
essas degradações.
Os fenômenos de degradação nas estruturas
metálicas estão essencialmente associados ao
fenômeno de corrosão. Nas estruturas em concreto,
3.1 Materiais estruturais
os principais mecanismos de degradação estão
associados às seguintes situações principais:
l
corrosão de armaduras após aperdadaproteção
química devido à carbonatação do concreto;
l
corrosão de armaduras após a perda da
proteção química devido ao ataque de cloretos;
l
degradação do concreto por ação gelo/degelo;
l
degradação do concreto por sais químicos
agressivos;
l
degradação do concreto por reações
álcali-sílica.
Entre os fenômenos associados às estruturas de
1,2,3,4,5,6,7 9,10,11,12,13,14,15,16,17,18,...22