Vida útil na construção civil
Fernando A. Branco, Pedro Paulo & Mário Garrido
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das vias rodoviárias existentes.
Se não forem propostas medidas de reabilitação
em projeto, as soluções habituais de reabilitação
funcional são:
a) construir uma ponte nova, eventualmente
utilizando a existente para um dos sentidos de tráfego
(desde que a Vida Útil Estrutural ainda o permita);
Quando os benefícios funcionais da ponte
são inferiores aos seus custos de manutenção/
exploração e a sua reabilitação funcional não se
justifica economicamente, a ponte atinge o fim da
sua Vida Útil Funcional. Nesta situação podem
ocorrer duas situações para a ponte:
a) é demolida e eventualmente reciclada;
b) se tiver valor histórico é conservada, sendo os
custos de manutenção suportados pela sociedade,
já que não tem valor funcional, mas ainda tem o
histórico.
A Vida Útil Estrutural ou Vida Útil de Projeto
deverá ser sempre superior à Vida Útil Funcional,
de modo que a construção recupere neste período
o investimento econômico e, se possível, continue
a ser utilizada, gerando lucros adicionais ou
permitindo reabilitações funcionais.
A Vida Útil Estrutural está associada às
condições de segurança e de utilização da estrutura,
nomeadamente garantindo que não ocorram
situações de colapso, deformações excessivas, etc.
A Vida Útil Estrutural depende essencialmente da
evolução das ações e dos materiais ao longo da vida
da construção.
Antes de se abordar o modo de projetar para uma
determinada Vida Útil Estrutural, convém recordar
alguns conceitos base sobre o significado desta.
b) aumentar a largura do tabuleiro, se a
infraestrutura existente permitir realizar em
condições econômicas (solução frequente em pontes
de alvenaria de pedra). Esta situação é ilustrada
na Fig. 2, com a solução implementada na ponte
suspensa 25 de Abril, em Lisboa
(REFER 1999).
2.1 A Segurança estrutural
Os códigos estruturais definem os níveis de
segurança a considerar no projeto estrutural,
associados a probabilidades de ruptura
(ENV 1991-
1, 1999).
Estes níveis de segurança, na prática, são
definidos através de valores de projeto a adotar para
as ações e para a resistência dos materiais. Para se
ter segurança (S), a resistência dos materiais (R)
tem de ser superior aos efeitos das ações (A), ou
considerando uma distribuição estatística destas
variáveis, as probabilidades p de segurança têm de
ser positivas, de acordo com a equação 1 e Fig. 3.
(Eq.1)
As distribuições estatísticas das variáveis são
consideradas, na prática, através dos valores
característicos das ações (Ak) e da resistência dos
materiais (Rk). Estes valores característicos são
definidos considerando uma distribuição estatística
do tipo normal e um período de referência
(habitualmente associada a uma vida útil de 50 anos
para as construções correntes), correspondendo a
um valor cuja probabilidade de ser excedido (para
as ações) ou minorado (para as resistências) é de
apenas 5%, nesse período de referência.
Observe-se que valores característicos estão
associados a uma certa forma convencional de
medir ações e principalmente resistências. No caso
dos concretos pode ser um cilindro com altura o
dobro do diâmetro e ensaiado a 28dias. No caso de
armaduras, tijolos, madeira, e outros materiais a
forma de medir é diferente.
No projeto, estes valores característicos são
Figura 3. Distribuição estatística das acções (A) e das resistências (R)
2. Noções básicas sobre a vida útil estrutural
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