Responsabilidade Social na construção civil
Hênio F. F. Tinoco
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de forma corporativa era prerrogativa do Estado
ou da Monarquia e não um interesse econômico
privado. Os benefícios públicos eram moeda
de troca das corporações de capital aberto para
conseguir alvarás expedidos pelos monarcas.
A obtenção de lucros aos acionistas ainda era,
até o início do século XX, a premissa fundamental
da legislação sobre corporações e, só a partir da
segunda década do século, o litígio de
Dodge versus
Ford
, nos Estados Unidos, tornou pública a questão
da ética, da responsabilidade e discricionariedade
dos dirigentes de empresas abertas. Daí pra
frente, especialmente depois dos efeitos da Grande
Depressão e da Segunda Guerra Mundial, a
consciência acerca da importância das ações sociais
fez surgir, naturalmente, defensores da ética e da
responsabilidade social corporativa, tendo esses
conceitos se fixado inicialmente nos Estados Unidos
e, posteriormente, no final da década de 1960, na
Europa
(ASHLEY et al., 2005).
Nos últimos anos, de acordo com
PINHEIRO
(2008)
, a responsabilidade social surgiu como
consequência de diversos movimentos que
nasceram com o intuito de atender à nova demanda
de necessidades da sociedade. Em 1987, a Comissão
Mundial de Meio Ambiente e Desenvolvimento da
Organização das Nações Unidas (ONU) iniciou a
discussão sobre desenvolvimento sustentável, que
posteriormente foi aprofundada durante a ECO
92 no Rio de Janeiro (vide Fig. 1), dando origem
à Agenda 21, um documento de compromisso das
nações participantes para a solução de problemas
socioambientais de âmbito global.
Cada país, na ocasião, estabeleceu um
compromisso de reflexão sobre a forma pela
qual governos, empresas, organizações não
governamentais e todos os setores da sociedade
poderiam cooperar no estudo de soluções para os
problemas socioambientais.
A Agenda 21 permitiu a criação de um
instrumento que tornou possível repensar o
planejamento. Abriu-se um caminho capaz de
ajudar a construir politicamente as bases de um
plano de ação e de um planejamento participativo
em âmbito global, nacional e local, de forma gradual
e negociada, tendo como meta um novo paradigma
econômico e civilizatório
(MINISTÉRIO DO MEIO
AMBIENTE, 2011).
Atualmente,
a
responsabilidade
social
empresarial está no centro das discussões
das principais economias do mundo e é
praticamente indissociável do conceito de
desenvolvimento sustentável.
Figura 1. Conferência das Nações Unidas sobre Meio-Ambiente e
Desenvolvimento (ECO 92), ocorrida no Rio de Janeiro em 1992.
(fonte:
)
3. A Responsabilidade social nas empresas
3.1 O novo contexto econômico mundial
Um dos traços mais impactantes da recente
evolução da economiamundial temsido a integração
dos mercados e a queda das barreiras comerciais.
Para grande parte das empresas, isso significou a
inserção, muitas vezes forçada, na competição em
escala planetária. Em curto espaço de tempo, elas
viram-se compelidas a mudar radicalmente suas
estratégias de negócio e padrões gerenciais para
enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades
decorrentes da ampliação de seus mercados
potenciais, do surgimento de novos concorrentes e
novas demandas da sociedade.
Paralelamente, tiveramquepassar aacompanhar
a acelerada evolução tecnológica e o aumento do
fluxo de informações, que se tornou exponencial
com o avanço da Internet.
Na era da informação, da nova economia, são
profundas as mudanças no modo de as sociedades
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