Corrosão das armaduras do concreto
Enio J. Pazini Figueiredo & Gibson Rocha Meira
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agressivas que atuam através dos seguintes
mecanismos
(BAKKER, 1988):
• a carbonatação do concreto, que reduz seu pH
a níveis insuficientes para manter o estado passivo
das armaduras;
• a presença do agente despassivador íon
cloreto em quantidade suficiente para romper
localizadamente a camada passivadora;
• a combinação dos dois fatores anteriormente
citados.
Nesse sentido, a camada de cobrimento
desempenha um importante papel porque,
além de ser uma barreira química, conforme foi
discutido neste subitem, também se constitui
em uma barreira física. Um cobrimento de boa
qualidade, com baixa porosidade, além de dificultar
a penetração dos agentes agressivos, constitui-se
em uma barreira adicional, reduzindo a presença
da água e do oxigênio, elementos necessários à
existência da corrosão eletroquímica
(SHIESSL &
BAKKER, 1988).
A corrosão é um fenômeno que, na grande maioria
das vezes, é de natureza eletroquímica, implicando
na formação e movimento de partículas com carga
elétrica e na presença de um eletrólito condutor.
A corrosão eletroquímica pressupõe a formação de
uma pilha eletroquímica de corrosão, em que há a
presença de um ânodo o qual se caracteriza pela
passagem do material do estado metálico para
o estado iônico (oxidação); um cátodo onde são
consumidos os elétrons gerados na região anódica
(redução); uma diferença de potencial entre ambos,
sendo o ânodo de potencial mais eletronegativo;
uma ligação metálica entre o ânodo e o cátodo,
que pode ser caracterizada pelo mesmo material
metálico; e uma ligação externa caracterizada
pela condução iônica através do eletrólito. A Fig.
2 representa esse fenômeno e expõem as reações
parciais que se processam nas regiões anódica e
catódica, características de um meio alcalino como
o concreto.
A equação da direita representa as reações
parciais de dissolução do metal (oxidação). A
equação da esquerda representa as reações parciais
catódicas, as quais são caracterizadas pelo consumo
dos elétrons produzidos na área anódica. O conjunto
dessas reações é que representa o processo completo
de corrosão eletroquímica e o controle de qualquer
das reações parciais representa um controle sobre o
processo de corrosão.
O eletrólito integrante da pilha eletroquímica
tem especial importância sobre o processo de
corrosão instalado. A maior presença de eletrólito
facilita a passagem de uma maior corrente iônica,
acelerando o processo de corrosão. De modo
contrário, a presença de pouco eletrólito aumenta
a resistividade do sistema, reduzindo a velocidade
de corrosão. Considerando o eletrólito presente nos
poros do concreto, essa avaliação ocorre de modo
semelhante, ou seja, o concreto em ambientes de
baixa umidade relativa dificulta o processo de
corrosão da armadura por carência de eletrólito,
enquanto que, em ambientes de elevada umidade,
o processo pode ser acelerado.
Por outro lado, a presença de oxigênio na
região catódica tem papel importante nas reações
de redução. A carência de oxigênio provoca uma
diminuição das reações de redução, controlando
a velocidade de oxidação do metal em função da
velocidade com que os elétrons gerados na zona
anódica são consumidos na zona catódica (vide
Fig. 2). Nesse caso, tem-se um controle catódico do
processo de corrosão pela carência de oxigênio.
3.Mecanismos eletroquímicos da corrosão e condições para o seu
desenvolvimento
Figura 2. Representação de uma pilha de corrosão em um mesmo
metal
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