Controle de resistência do concreto
Jéssika Pacheco & Paulo Helene
9
Figura 4. Esmagamento de concreto em pilar de obra: (a) e (c) devido à má execução (bicheiras) e (b) devido a erro de projeto (dimensionamento
insuficiente). Na esmagadora maioria das vezes, a resistência à compressão efetiva do concreto na obra é inferior à do concreto medida no
corpo de prova de referência. O corpo de prova de controle mede a resistência potencial do concreto na “boca da betoneira”, sob condições
ideais de adensamento, cura e ensaio.
A correspondência entre a resistência potencial
do concreto à compressão, obtida através das
operações de ensaio e controle e a resistência
real ou efetiva do concreto na estrutura, deve ser
assegurada através do
controle tecnológico
dos serviços envolvidos e é independente dos
ensaios de recebimento (vide Fig. 4).
Os desconhecimentos relativos às variáveis
que intervêm nessa diferença entre “moldado”
e “efetivo” são englobados pelo coeficiente de
minoração da resistência à compressão do concreto,
g
c
, desde que a execução obedeça às técnicas atuais
de bem construir, e os desvios estejam dentro das
tolerâncias expressas nos manuais de boas práticas
de engenharia e na
ABNT NBR 14931:2004
Execução de estruturas de concreto. Procedimento.
Ovalor usual de
g
c
no Brasil é 1,4 e no
EuroCode II,
ACI 318
e
fib
Model Code 2010
esse valor é variável,
de 1,18 a 1,65, segundo o caso, natureza do esforço,
etc.Issoequivaledizerquearesistênciaàcompressão
do concreto do componente estrutural (resistência
efetiva) será sempre inferior, – na mesma idade e
condições de carregamento – que a resistência à
compressão obtida dos corpos de prova de controle.
(
Joint Committee, 1975
).
Portanto, nem sempre rejeitar um concreto cuja
resistência à compressão no ensaio de controle
não atendeu ao especificado, significa rejeitar
automaticamente o concreto da estrutura, pois na
estrutura ele terá uma resistência diferente e chamada
de “efetiva”, que eventualmente poderá, ou não,
atender ao projeto estrutural
(Calavera Ruiz, 1975).
O objetivo maior de um programa de controle da
resistência à compressão do concreto é a obtenção
de um valor potencial, único e característico
da resistência à compressão de certo volume
de concreto, a fim de comparar esse valor com
aquele que foi especificado no projeto estrutural e,
consequentemente, tomado como referência para a
segurança e o dimensionamento da estrutura.
Os valores de ensaio que se obtêm dos diferentes
corpos de prova são mais ou menos dispersos,
variáveis de uma obra a outra, conforme o rigor
de produção do concreto. Por exemplo, conhecidos
os resultados de n exemplares obtidos a partir de
um certo número de corpos de prova de um mesmo
concreto, como determinar um valor que seja
representativo daquele concreto?
Por razões óbvias de comportamento estrutural
onde uma seção transversal de pilar tem
importância tão determinante quanto os elos de
uma corrente, verifica-se facilmente que só a média
dos resultados não seria suficiente para definir e
qualificar uma produção de concreto. É necessário
considerar também a dispersão dos resultados, que
pode ser medida através do desvio padrão ou do
coeficiente de variação do processo de produção.
Paraeliminaro inconvenientedeterquetrabalhar
com dois parâmetros, foi adotado o conceito de
resistência característica do concreto à compressão,
que é uma medida estatística que engloba a
média e a dispersão dos resultados, permitindo
(a)
(b)
(c)
8. Correspondência entre o valor de controle e o efetivo da obra
9. Como a estatística pode ajudar
1,2,3,4,5,6,7,8,9 11,12,13,14,15,16,17,18,19,...20