O que é monitoração na construção civil?
Gilberto Nery
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no funcionamento da estrutura, dando mais
ferramentas ao calculista para analisar o caso.
Outros exemplos são a análise de uma estrutura
após um acidente onde os dados do monitoramento
antes e depois do acidente forneceriam informações
importantes sobre o quanto à estrutura foi afetada
e em casos de reforço estrutural para avaliação do
comportamento da estrutura após o reforço.
O monitoramento de material dá informações
relativas ao material (concreto) e às condições
ambientais as quais ele esteja inserido, como:
envelhecimento, estado de degradação, modificação
química de componentes, umidade, temperatura,
entre outras. É normalmente usado em conjunto
com modelos de previsão e os conhecimentos
relativos aos efeitos de certas modificações
de características no concreto (ex. efeito da
variação de pH do concreto na probabilidade de
corrosão da armadura).
Resumidamente, o monitoramento produz
informações úteis relativas ao desempenho
do material, mas pouca informação relativa
ao comportamento da estrutura, e o inverso é
verdadeiroparaomonitoramentodocomportamento
estrutural
(GLISIC & INAUDI, 2002)
.
Não existe material perfeito e o concreto não
é uma exceção à regra, por isso tem defeitos.
Estes defeitos, que podem ser poros, fissuras,
vazios, etc. diminuem o desempenho do material
e sua durabilidade. Para usar o concreto como
componente estrutural o engenheiro utiliza-se do
conhecimento dessas imperfeições para projetar
uma estrutura considerando, para efeitos de
cálculo, o mínimo desempenho que o concreto
utilizado pode apresentar dadas as imperfeições.
Ao longo da sua utilização, agentes agressivos do
ambiente e o uso degradam o material, diminuindo
seu desempenho. Neste contexto, para especificar o
significado de alguns termos, usou-se aqui a relação
hierárquica entre Defeito, Dano e Falha, proposta
por
Worden e Manson (1999)
e utilizada ainda hoje,
que as descreveram da seguinte forma:
l
Defeito: é inerente ao material e uma estrutura
será considerada em condição ideal mesmo que o
elemento apresente defeitos (ex. poros);
l
Dano: acontece quando a estrutura já não
opera em sua condição ideal, porém, continua
funcionando de maneira satisfatória, apenas numa
maneira não otimizada (ex. fissuras aceitáveis do
ponto de vista da durabilidade);
l
Falha: acontece quando a estrutura já não
se comporta de forma satisfatória em relação às
exigências de uso ou há uma modificação no sistema
que produz uma redução inaceitável de qualidade
(ex. desplacamento de partes do concreto devido a
corrosão de armaduras).
Assim, pode-se deduzir que:
l
Uma estrutura não está necessariamente em
risco ou necessita de intervenção imediata apenas
pela presença de dano;
l
O sistema de monitoramento é responsável por
acompanhar o desenvolvimento de uma grandeza
que permita avaliar o dano, garantindo que este
não provoque uma falha e fornecendo informações
relevantes para a manutenção da estrutura;
l
A informação gerada pelo sistema de
monitoramento permite a composição de um
prognóstico do problema facilitando o planejamento
e otimização de uma intervenção.
2. Conceitos
É importante destacar que o monitoramento
estrutural, como qualquer outra parte da estrutura,
carece de estudo, pesquisa, projeto e adequação
do projeto, em outras palavras, um especialista
envolvido em todos os passos de implantação.
É importante acabar com a crença de que é
apenas a ação de se instalar sensores e verificar
3. Projeto de monitoramento
resultados é suficiente.
O projeto de monitoramento é composto por
várias etapas e a primeira delas é a definição clara
e sucinta do objetivo do monitoramento. Como
exemplos de objetivos possíveis pode-se citar:
l
Verificação de integridade da estrutura após
um terremoto;