Fissuração nas estruturas de concreto
Antônio Carmona Filho & Thomas Garcia Carmona
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Apesar das normas e códigos sempre
apresentarem limitações de aberturas de fissuras
relacionadas com a agressividade do macro ou
micro climas, não há a menor dúvida de que uma
fissura aberta é um caminho fácil para penetração
de agentes agressivos.
Se levarmos em conta a questão como colocada
no texto acima, não resta dúvida de que havendo
possibilidade técnica e econômica, é sempre
recomendável que as fissuras, de qualquer ordem
sejam colmatadas por meio de metodologia
adequada ou que seja adotada alguma estratégia
de proteção, com isso minimizando a penetração
desses agentes e a deterioração da estrutura.
Esta é uma recomendação decorrente de
muitos anos de experiência nesta área e na
observação de centenas ou talvez milhares de
casos nos quais tivemos oportunidade de intervir
e que demonstraram que estruturas sem controle
adequado de fissuração apresentam vida útil
muito inferior ao desejado.
É evidente que estruturas em processo de
corrosão de armaduras apresentam fissuras
devido à expansão dos produtos de corrosão e que
sofrem a influência de vários fatores, como por
exemplo, da qualidade do concreto de cobrimento
(SCHIERLOH, 2005)
e que nada tem a ver com a
fissuração decorrente dos esforços de projeto.
Os métodos de avaliação da abertura de
fissuras sempre foram um ponto polêmico no
meio técnico, dada à influência de inúmeros
parâmetros de grande variabilidade.
Até mesmo a tensão nas armaduras em serviço
é de previsão complexa, pois deveria a rigor levar
em conta os efeitos de retração, temperatura,
não linearidades e a própria deformação
lenta do concreto.
Várias são as metodologias existentes para
a sua avaliação, destacando-se dentre outras a
norma brasileira
ABNT NBR 6118
, o
Euro Code
e as recomendações do
ACI 224
.
O assunto fissuração aliado à durabilidade
foi tratado na normalização brasileira de uma
forma muito simplista, desde a
NB1-60
, tendo a
ABNT NBR 6118:1978
evoluído nestes conceitos
e na versão atual da
ABNT NBR 6118:2007
estas
recomendações estão bem mais completas e tudo
indica que serão revisadas brevemente de acordo
às pesquisas mais modernas.
Segundo o entendimento dos autores merece
destaque as análises de
ALMEIDA
, pesquisadora
brasileira que desenvolveu um trabalho
extenso de comparação de normas e resultados
experimentais em tirantes, lajes e vigas de
diversos autores, terminando por propor uma
metodologia que segundo a autora apresenta
melhor correlação com as medidas reais.
Dado o caráter prático e territorialmente
abrangente desta publicação, será descrita a
forma de estimativa da abertura de fissuras com
base no
First Draft
do
fib Model Code 2010
, por
ser uma referência moderna e razoavelmente
consensual.
Evidentemente as normas de projeto tratam
das fissuras originadas pelos esforços e as
relaciona com a questão da durabilidade das
estruturas em função da classe de agressividade
ambiental nas quais as mesmas estão inseridas
e não existe o menor sentido em comparar
aberturas de fissuras originadas de fenômenos
químicos como a corrosão de armaduras ou reação
álcali agregada com os limites fornecidos pelas
normas, mau entendimento que infelizmente não
é raro no meio.
Quanto à previsão de fissuração devido à
corrosão das armaduras, várias tentativas se
fizeram empregando análises sofisticadas como,
por exemplo, o método dos elementos finitos
(RIVAS, 2005).
4. Avaliação da fissuração na fase de projeto
3. Influência da fissuração na durabilidade das estruturas de concreto
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