Corrosão das armaduras do concreto
        
        
          Enio J. Pazini Figueiredo & Gibson Rocha Meira
        
        
          21
        
        
          
            Cavalier & Vassie (1981)
          
        
        
          , realizando uma série
        
        
          de medidas de resistividade pelo método dos quatro
        
        
          eletrodos em estruturas de pontes na Inglaterra
        
        
          sujeitas aos sais de degelo, perceberam que, em
        
        
          concretos com resistividade superior a 12.000
        
        
          ohm.cm, a corrosão era dificilmente identificada,
        
        
          com resistividade entre 5.000 a 12.000 ohm.cm
        
        
          era provável a identificação da corrosão e com
        
        
          resistividade inferior a 5.000 ohm.cm a corrosão
        
        
          era sempre evidenciada, uma vez que as armaduras
        
        
          encontravam-se despassivadas pela ação dos
        
        
          cloretos oriundos do sal de degelo.
        
        
          Devido ao caráter higroscópico dos sais, como, por
        
        
          Figura 19. Teor de umidade dos poros do concreto em função da umidade do ambiente
        
        
          
            (IccET , 1988).
          
        
        
          exemplo, oNaCl ouCaCl
        
        
          2
        
        
          , os concretos que os contêm
        
        
          em seus poros possuem maior capacidade de reter
        
        
          a umidade no seu interior
        
        
          
            (RASHEEDUZZAFAR
          
        
        
          
            et al., 1985)
          
        
        
          . No mesmo sentido, deve-se levar em
        
        
          consideração que o concreto absorve com maior
        
        
          facilidade a umidade do ambiente do que deixa
        
        
          escapar esta mesma quantidade de água (IccET ,
        
        
          1988). Esses fenômenos fazem com que o concreto
        
        
          tenha uma maior probabilidade de conter suficiente
        
        
          umidade em seus poros capaz de desenvolver
        
        
          o processo de corrosão, caso a armadura esteja
        
        
          despassivada.
        
        
          Oaumento da temperatura estimula amobilidade
        
        
          das moléculas, favorecendo seu transporte através
        
        
          da microestrutura do concreto
        
        
          
            (GOÑI et al., 1989).
          
        
        
          No mesmo sentido, quando a temperatura diminui,
        
        
          pode ocorrer condensação no concreto, ocasionando
        
        
          um aumento da umidade do material
        
        
          
            (HELENE,
          
        
        
          
            1993).
          
        
        
          
            Raphael &Shalon (1971)
          
        
        
          mostram que a corrosão
        
        
          aumenta duas vezes a cada aumento de 20°C. O
        
        
          efeito é ainda mais pronunciado a altas umidades
        
        
          relativas.
        
        
          
            Tuutti (1982)
          
        
        
          examinou os efeitos da
        
        
          temperatura a -20°C e os resultados sugerem que
        
        
          a velocidade de corrosão é reduzida 10 vezes a cada
        
        
          redução de temperatura de 20ºC abaixo de 0°C.
        
        
          Por outro lado, no que se refere à atividade das
        
        
          macropilhas em vigas de concreto contaminadas
        
        
          por cloretos (
        
        
          
            Castro, Andrade & Figueiredo, 2008)
          
        
        
          não encontraram influência na corrosão da área
        
        
          anódica quando a temperatura variou de 15 a 40ºC,
        
        
          mesmo quando se empregou nos serviços de reparo
        
        
          revestimentos sobre a armadura compostos por
        
        
          material mais eletronegativo que o ferro, como por
        
        
          exemplo, o epóxi rico em zinco.
        
        
          As macrocélulas de corrosão são as pilhas de
        
        
          corrosão formadas entre duas áreas de caráter
        
        
          distinto e com relativa distância, onde uma é
        
        
          corroída e atua como ânodo e a outra se mantém
        
        
          passiva e atua como cátodo. Quando essa situação
        
        
          ocorre, o efeito da ação das micropilhas se soma à
        
        
          ação da macropilha, aumentando a velocidade de
        
        
          corrosão. Essa aceleração da corrosão vai depender
        
        
          dos potenciais de corrosão do ânodo e do cátodo
        
        
          e da resistência ôhmica entre ambos
        
        
          
            (CASTRO,
          
        
        
          
            FIGUEIREDO, ANDRADE & ALONSO 2003).
          
        
        
          Entre os fatores responsáveis pela formação
        
        
          de macrocélulas de corrosão podemos citar as
        
        
          heterogeneidades da fase metálica (anisotropia dos
        
        
          grãos cristalinos, impurezas na matriz metálica,
        
        
          regiões submetidas à tensão e à deformação
        
        
          8.2 Efeito da temperatura
        
        
          8.3 Formação de macrocélula de corrosão